A nossa vida é uma vila cheia de anomalias. É onde nem só massa vira pizza, laranja não é apenas uma fruta (nem cor); o adjetivo ‘mensal’ ganha um aumentativo sintético transformando-se em um substantivo alusivo ao dinheiro; a profissão ”professor” é um contrapeso para o salário de um secretário (sei lá de quê); dinheiro vira a cabeça e desonestidade vira flor.
Nessa vila, que é um jardim perfumado, nem tudo é flor e nem todos são flores e cravos: Há alguns cravos que criam escravos (o criador cria e atura), no entanto, o buquê de poderosos (cheios de espinhos larápios) pode murchar tornando-se assim ex-cravos. Assim surgirá um novo jardim ex-escravo da corrupção.
Por trás de um bom ato (quase) sempre há um boato, mas o que se espera é que os olhos que enxergam os cravos espinhosos dessa vila de flores preocupem-se honestamente com o futuro das rosas e dos cravos (sem espinhos) desse jardim não somente visando o cargo de futuro jardineiro.
Sempre é preciso alimentar a fé, porque um fio de esperança de que nossa terra seja mesmo mais garrida e que os risonhos lindos campos tenham mais flores do bem, pode trazer aos nossos bosques muitas vidas que se aconcheguem no seio de uma terra cheia de amores.
Tomara que a flor (retrato da política nacional) seja uma vila de alerta, lição e exemplo: de alerta para os filhos deste solo para que fiquem atentos, busquem e reivindiquem seus direitos e não deixem que ninguém subestime sua existência; lição para os cravos (gatunos espinhosos) para que não tentem mais ludibriar os filhos da mãe gentil no berço esplêndido da vila da vida; exemplo para cada líder político...
Enfim, sonhar é o primeiro passo para a realização e, para realizar é necessário que tenhamos coragem para agir, para falar, para cobrar... porque não vivemos em terra de ninguém e, cada ser pensante – “penso, logo existo” – é proprietário desta pátria mãe, desta terra gentil que abriga esses filhos!
Vero Fernando